Devemos ou não devemos isolar as crianças no momento das birras?
Hoje quero falar-vos de famosos Timeouts : Isolar a criança num local a pensar sozinha no que fez, quando se porta mal.
Até pode parecer sensato, pois os Timeouts chamam a atenção da criança para algo que ela fez de errado e alem disso dão aos pais aquela pausa que parece necessária quando as emoções estão ao rubro. Mas, para a criança, os Timeouts são considerados uma punição, e sendo punição, a criança vai-se sentir ainda pior consigo mesma.
Será que é esse o nosso objetivo?
Para além disso, é importante referir que os Timeouts pressupõem erradamente que a criança, num momento de desregulação emocional, é capaz de se regular sozinha e voltar ao seu estado de equilíbrio.
E pressupõe também que a criança é capaz de refletir sobre o que aconteceu e tirar as devidas conclusões. O que não acontece.
Vários estudos e pesquisa feitas por instituições credíveis como é o caso National Institute of Mental Health mostram que os intervalos/isolamentos/timeouts não melhoram necessariamente o comportamento da criança. E há ainda outros estudos que analisam “a retirada do amor” como técnica de punição, que mostram que as crianças submetidas a este tipo de estratégia, tendem a exibir mais comportamentos inadequados e pior saúde.
A conclusão é que os Timeouts podem parecer eficazes para conseguir que as crianças cooperem, mas apenas temporariamente. Na verdade, eles ensinam as lições erradas e tendem até a piorar o comportamento das crianças.
Descobre as razões porque os Timeouts tendem a piorar o comportamento das crianças:
1. Timeouts fazem com que as crianças se sintam más.
Se a criança se sente má e nós confirmamos que ela é má, a sua auto estima torna-se cada vez mais baixa. E crianças que se sentem mal, tendem a portar-se mal.
Como Otto Weininger, autor do livro Time-In Parenting diz:
“Enviar as crianças para um isolamento para controlar a sua raiva, perpetua o sentimento de 'maldade' dentro delas ... Provavelmente, se elas já não se sentiam muito bem consigo mesmas antes da explosão, o isolamento apenas serve para confirmar nas suas próprias mentes que estavam certas."
2. Timeouts não ajudam as crianças a aprender regulação emocional.
Ensinar as crianças a se acalmarem implica proporcionar um "ambiente de calma" à criança, passando-lhe a mensagem de que seus sentimentos fora de controle podem ser regulados. É mostrar que estamos ali para ela!
Às vezes, só a nossa presença (se for calma) já lhes transmite a segurança que necessitam, e depois sim podemos trabalhar com ela estratégias de auto regulação.
Quando enviamos a criança para o seu quarto sozinha, ele pode acalmar-se eventualmente - mas não está mais perto de aprender a gerir essas emoções na próxima vez.
3. Os Timeouts funcionam através do medo, como um abandono simbólico.
Isolar uma criança que está chateada ou com o comportamento menos adequado é afastá-la exatamente quando ela mais precisa de nós. O pior é que ela se pode acalmar, tornar-se mais "obediente" mas porque o timeout desencadeou uma sensação de medo de abandono.
Dan Siegel (Neuropsiquiatra autor de vários livros sobre o desenvolvimento do cérebro da criança) diz que a dor relacional do isolamento nos Timeouts é profundamente prejudicial para as crianças pequenas e que, quando repetida várias vezes, a experiência do Timeout pode "realmente mudar a estrutura física do cérebro".
Os Timeouts, como todas as punições, impedem-nos de trabalhar em parceria com os nossos filhos para encontrar soluções. Quando trabalhamos em conjunto Isso ajuda-nos a ver as coisas da perspetiva dos nossos filhos e naturalmente fortalece o vínculo entre pais e filhos.
Os pais que usam com frequência Timeouts geralmente vêem-se num ciclo de comportamentos inadequados.
Se queremos ajudar os nossos filhos na sua gestão emocional, sabemos que temos que esperar que a criança possa aceder o seu córtex pré-frontal para nos escutar. E se ela estiver descontrolada emocionalmente, vitima do sequestro da amígdala, estamos lá para ajudar. E a criança deve saber que estamos lá para ela e que ela está segura.
Se uma criança é criada em ambientes com muitas interações positivas e amorosas, não é uma situação especifica que causa dano. O problema é quando a utilização destas estratégias é feita de forma recorrente.
Em resumo :
As crianças geralmente experimentam emoções intensas mas ainda não têm capacidade para lidar com elas; o que pode resultar em comportamentos desrespeitosos ou falta de colaboração. Esses comportamentos devem ser visto como um "pedido" para nós pais as podermos ajudar a acalmar ou também como desejo de conexão. Quando isolamos uma criança nesse estado, ela vai experimenta dor emocional.
Como é contigo, usas timeouts quando os teus filhos se portam mal? Usaram timouts contigo quando eras criança?
Esta semana quero propor-te um desafio: Em vez de timeouts, e que tal praticar os "time-ins"?
Estes envolvem o cultivar de uma conexão amorosa. Os pais podem, por exemplo, sentar-se com a criança enquanto conversam e a confortam. Sentar-se e acalmar-se pode ser extremamente útil para as crianças; ensina-os a fazer uma pausa e depois então pensar no seu comportamento.
E para crianças mais novas, essa reflexão só é bem-sucedida quando feita com os pais, e não isolada.
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